sexta-feira, 8 de março de 2019

Conheça a atleta Diana Sousa que após 12 horas nas urgências do hospital vai a correr para casa..

- Como você ficou encantada com as corridas de rua? 

Tudo começou pelas minhas tias e pelo meu pai (irmãos).

As minhas tias foram grandes atletas e chegaram a representar internacionalmente a Selecção Portuguesa de Atletismo.

O meu pai, que desde jovem começou a correr, foi o grande responsável pela minha iniciação no atletismo.

Foi ele que me inscreveu num clube de atletismo da nossa rua e onde ganhei logo o gosto na primeira corrida ainda com 6 anos. 

Desde aí nunca mais quis parar...

- Treinar para uma prova exige uma grande dedicação, qual é sua inspiração? 

A minha inspiração centra-se em grandes atletas, desde mundialmente conhecidos a amigos pessoais.

Algumas referências mundiais vão desde os mais “antigos” como Rosa Mota e Paula Radcliffe, de quem me recordo ver na televisão ainda muito pequena e ambicionar um dia correr assim, até aos mais atuais como Genzebe Dibaba, Mo-Farah, Shalane Flanagan e Dulce Félix, entre outros. 

Para além disto, inspiro-me nas minhas tias como já referi e no orgulho que vejo nos olhos da minha família, quando me vêem correr.

- Para você existem horários melhores para seus treinos? Quais são eles? 

Os horários são a minha maior dificuldade.

Uma vez que a minha profissão exige trabalhar por turnos, alguns deles de 12h e incluindo noites e fins-de-semana, tento gerir da melhor maneira os meus treinos, pelo menos de forma a conseguir treinar diariamente.

Ao fim de tantas horas de trabalho numa urgência nem sempre temos vontade mas depois de começar a correr, esquecemos tudo e a vontade surge ainda maior!

Particularmente gosto de treinar ao final da tarde, quando o horário permite.

Em dias de calor mais intenso, tento treinar bem cedo (por volta das 7/8h).

Quando trabalho 12h tenho de ir a correr ou vir a correr do trabalho (hospital) até casa.

Com esforço conseguimos ter sempre tempo para treinar.

- Falando um pouco da música, o quanto ela é importante no seu treinamento diário e que motivação ela te oferece?

Particularmente gosto de treinar com música, exepto em treinos de alta intensidade como são os treinos intervalados que requerem maior concentração e esforço e, nas competições pelos mesmos motivos.

Por um lado, a música oferece-me alguma companhia durante os treinos, dado que na maioria dos treinos, corro sozinha. 

Por outro lado, música pode-me ajudar a impor um ritmo mais intenso ou mais controlado conforme o objetivo.

Por outro, quando quero fazer um treino mais descontraído, a musica ajuda me a correr de forma mais relaxada. 

 - Costuma participar em provas? Faz muitas provas por ano? 

Sim, estabeleço no inicio da minha época os objectivos/competições em que pretendo participar, desde as que servem para teste de forma (avaliar o meu estado de forma/ condição física) até às que são realmente com o objectivo de competir.

Depois, tento gerir o meu horário no hospital para conseguir estar presente, o que também nem sempre é fácil.

- Tem treinador e usa planilha para planificar os seus treinos ou apenas sai para correr quando tem vontade? 

Já integrei alguns clubes, com treinadores, outros sem treinador.

Fui mudando também consoante o objectivo naquela época. 

Como recentemente estou numa boa forma e os objetivos já exigem um treino regrado, em Fevereiro deste ano integrei um novo clube “RunRiver – Escola de Atletismo de Rio Tinto” onde treino com o meu treinador e director do clube Carlos Tavares (também ele uma inspiração pelo atleta que foi) que me prepara plano de treinos mensal organizado e planeado com vista a alcançar os objectivos definidos. 

Neste clube também conto com um grupo de colegas/amigos atletas que também me ajudam a treinar e a ultrapassar os meus limites.

- Quais são os seus recordes pessoais por distância? 

Neste bom momento de forma tenho conseguido melhorar constantemente os meus recordes pessoais.

As distâncias que actualmente pratico centram-se nos 10km e Meia Maratona, que neste momento são:

10km: 37min31seg

Meia maratona: 1h23min45seg

No entanto, em Abril penso já ter melhorado ainda mais estes tempos.

- Dê um conselho a quem está na dúvida se deve começar a correr. 

Na dúvida, o melhor é experimentar e logo se vê.

Inicialmente, a maioria das pessoas, como não estão preparadas sentem muita dificuldade e acabam por desistir da ideia.

No entanto, com o tempo e com os treinos ao pouco vão melhorando de forma e sentindo-se cada vez melhor durante a corrida.

A motivação parte de cada um, e pode ser desde o desejo de fazer a corrida que sempre desejou até ao desejo de melhor a sua forma física e a sua saúde.

O melhor é arranjar uma companhia que também esteja a iniciar-se nas corridas e disfrutarem de uma corrida num local apelativo.

Pode haver dias mais dificeis em que estejamos mais cansados e nao haja tanto tempo para correr mas com alguma vontade conseguimos sempre uns minutos. Como eu disse, as vezes a solução é ir a correr para o trabalho ou vir a correr do trabalho, mesmo que isso signifique trabalhar das 8h as 20h30 e correr das 21h até casa, sozinha e, voltar a repetir tudo no dia seguinte.

- Qual o feito que mais se orgulha de obter na corrida de rua? 

Os momentos que mais me marcaram foram: 

Quando fui campeã distrital de Corta-Mato em Juvenil, entre mais de 200 atletas femininas. 

Foi um auge de forma, que pouco depois tive de abandonar para concluir a faculdade.

Mais tarde, há cerca de 2 anos realizei pela primeira vez a Meia-Maratona do Gerês, integrada na Maratona de Estrada mais dura do mundo (Gerês Extreme Marathon) e onde ganhei com tempo record.

Ano passado, em Dezembro, participei novamente na prova e revalidei o primeiro lugar, conseguindo ainda melhorar o (meu próprio) tempo record.

Entre outros, estes foram os momentos que mais me marcaram.

- Qual é para si a melhor prova de corrida de rua corrida do país? 

Eu, particularmente, gosto de Meias-Maratonas e corridas de estrada com grande grau de dificuldade, como subidas. 

A Gerês Extreme Marathon (Meia-Maratona) reúne todos os critérios e ainda é considerada uma das mais belas corridas do mundo pela beleza paisagística do Gerês.

Outra corrida semelhante, que integra o mesmo circuito e organização da anterior é a Meia Maratona de Sistelo, também ela uma corrida muito dura com alguns atalhos em terra batida e que é caracterizada por ser uma corrida de 21km sempre a subir e, que também venci em Outubro do ano passado e, que espero voltar este ano.

Para mim, e dadas as minhas preferências por este tipo de características, estas duas enquadram-se nas minhas preferidas. 

Outras corridas muito interessantes (“tipicamente de rua”) são: o Urban Trail de Ponte de Lima, uma corrida de 10km que decorre à noite percorrendo a Vila mais antiga de Portugal – Ponte de Lima; a Corrida da República em Gondomar (Porto) que celebra o feriado 5 de Outubro em Portugal e também ela muito exigente com subidas íngremes (onde também venci ano passado); e ainda a Meia-Maratona de Viana, uma corrida de referência no Minho que reúne vários atletas nacionais e internacionais, sobretudo Espanhóis.

- Qual é o seu grande objetivo para 2019?

Os grandes objectivos de 2019 são sobretudo melhorar os meus recordes pessoais. 

Neste momento estou a treinar para competir na Meia-Maratona Gran Bahía de Vig-Bay dia 7 de Abril onde ambiciono melhorar o meu tempo pessoal e ainda alcançar o pódio.

Mais para o final do ano, eu e o meu treinador ainda estamos a analisar mas, provavelmente será a minha estreia numa Maratona, e provavelmente será logo na “Mais dura do Mundo” que em caso de se confirmar a minha participação, o objectivo será vencer e bater o tempo recorde da prova.

Ao longo da época, irei participar noutras corridas onde o objectivo será sempre o melhor lugar possível e melhorar em cada uma o recorde pessoal.

Possivelmente poderei ainda participar em campeonatos regionais e nacionais (estrada, pista), a fim de, obter um bom lugar por equipas (clube) e individualmente.


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