- Como você ficou encantada com as corridas de rua?
Tudo começou pelas minhas tias e pelo meu pai (irmãos).
As minhas tias foram grandes atletas e chegaram a representar internacionalmente a Selecção Portuguesa de Atletismo.
O meu pai, que desde jovem começou a correr, foi o grande responsável pela minha iniciação no atletismo.
Foi ele que me inscreveu num clube de atletismo da nossa rua e onde ganhei logo o gosto na primeira corrida ainda com 6 anos.
Desde aí nunca mais quis parar...
- Treinar para uma prova exige uma grande dedicação, qual é sua inspiração?
A minha inspiração centra-se em grandes atletas, desde mundialmente conhecidos a amigos pessoais.
Algumas referências mundiais vão desde os mais “antigos” como Rosa Mota e Paula Radcliffe, de quem me recordo ver na televisão ainda muito pequena e ambicionar um dia correr assim, até aos mais atuais como Genzebe Dibaba, Mo-Farah, Shalane Flanagan e Dulce Félix, entre outros.
Para além disto, inspiro-me nas minhas tias como já referi e no orgulho que vejo nos olhos da minha família, quando me vêem correr.
- Para você existem horários melhores para seus treinos? Quais são eles?
Os horários são a minha maior dificuldade.
Uma vez que a minha profissão exige trabalhar por turnos, alguns deles de 12h e incluindo noites e fins-de-semana, tento gerir da melhor maneira os meus treinos, pelo menos de forma a conseguir treinar diariamente.
Ao fim de tantas horas de trabalho numa urgência nem sempre temos vontade mas depois de começar a correr, esquecemos tudo e a vontade surge ainda maior!
Particularmente gosto de treinar ao final da tarde, quando o horário permite.
Em dias de calor mais intenso, tento treinar bem cedo (por volta das 7/8h).
Quando trabalho 12h tenho de ir a correr ou vir a correr do trabalho (hospital) até casa.
Com esforço conseguimos ter sempre tempo para treinar.
- Falando um pouco da música, o quanto ela é importante no seu treinamento diário e que motivação ela te oferece?
Particularmente gosto de treinar com música, exepto em treinos de alta intensidade como são os treinos intervalados que requerem maior concentração e esforço e, nas competições pelos mesmos motivos.
Por um lado, a música oferece-me alguma companhia durante os treinos, dado que na maioria dos treinos, corro sozinha.
Por outro lado, música pode-me ajudar a impor um ritmo mais intenso ou mais controlado conforme o objetivo.
Por outro, quando quero fazer um treino mais descontraído, a musica ajuda me a correr de forma mais relaxada.
- Costuma participar em provas? Faz muitas provas por ano?
Sim, estabeleço no inicio da minha época os objectivos/competições em que pretendo participar, desde as que servem para teste de forma (avaliar o meu estado de forma/ condição física) até às que são realmente com o objectivo de competir.
Depois, tento gerir o meu horário no hospital para conseguir estar presente, o que também nem sempre é fácil.
- Tem treinador e usa planilha para planificar os seus treinos ou apenas sai para correr quando tem vontade?
Já integrei alguns clubes, com treinadores, outros sem treinador.
Fui mudando também consoante o objectivo naquela época.
Como recentemente estou numa boa forma e os objetivos já exigem um treino regrado, em Fevereiro deste ano integrei um novo clube “RunRiver – Escola de Atletismo de Rio Tinto” onde treino com o meu treinador e director do clube Carlos Tavares (também ele uma inspiração pelo atleta que foi) que me prepara plano de treinos mensal organizado e planeado com vista a alcançar os objectivos definidos.
Neste clube também conto com um grupo de colegas/amigos atletas que também me ajudam a treinar e a ultrapassar os meus limites.
- Quais são os seus recordes pessoais por distância?
Neste bom momento de forma tenho conseguido melhorar constantemente os meus recordes pessoais.
As distâncias que actualmente pratico centram-se nos 10km e Meia Maratona, que neste momento são:
10km: 37min31seg
Meia maratona: 1h23min45seg
No entanto, em Abril penso já ter melhorado ainda mais estes tempos.
- Dê um conselho a quem está na dúvida se deve começar a correr.
Na dúvida, o melhor é experimentar e logo se vê.
Inicialmente, a maioria das pessoas, como não estão preparadas sentem muita dificuldade e acabam por desistir da ideia.
No entanto, com o tempo e com os treinos ao pouco vão melhorando de forma e sentindo-se cada vez melhor durante a corrida.
A motivação parte de cada um, e pode ser desde o desejo de fazer a corrida que sempre desejou até ao desejo de melhor a sua forma física e a sua saúde.
O melhor é arranjar uma companhia que também esteja a iniciar-se nas corridas e disfrutarem de uma corrida num local apelativo.
Pode haver dias mais dificeis em que estejamos mais cansados e nao haja tanto tempo para correr mas com alguma vontade conseguimos sempre uns minutos. Como eu disse, as vezes a solução é ir a correr para o trabalho ou vir a correr do trabalho, mesmo que isso signifique trabalhar das 8h as 20h30 e correr das 21h até casa, sozinha e, voltar a repetir tudo no dia seguinte.
- Qual o feito que mais se orgulha de obter na corrida de rua?
Os momentos que mais me marcaram foram:
Quando fui campeã distrital de Corta-Mato em Juvenil, entre mais de 200 atletas femininas.
Foi um auge de forma, que pouco depois tive de abandonar para concluir a faculdade.
Mais tarde, há cerca de 2 anos realizei pela primeira vez a Meia-Maratona do Gerês, integrada na Maratona de Estrada mais dura do mundo (Gerês Extreme Marathon) e onde ganhei com tempo record.
Ano passado, em Dezembro, participei novamente na prova e revalidei o primeiro lugar, conseguindo ainda melhorar o (meu próprio) tempo record.
Entre outros, estes foram os momentos que mais me marcaram.
- Qual é para si a melhor prova de corrida de rua corrida do país?
Eu, particularmente, gosto de Meias-Maratonas e corridas de estrada com grande grau de dificuldade, como subidas.
A Gerês Extreme Marathon (Meia-Maratona) reúne todos os critérios e ainda é considerada uma das mais belas corridas do mundo pela beleza paisagística do Gerês.
Outra corrida semelhante, que integra o mesmo circuito e organização da anterior é a Meia Maratona de Sistelo, também ela uma corrida muito dura com alguns atalhos em terra batida e que é caracterizada por ser uma corrida de 21km sempre a subir e, que também venci em Outubro do ano passado e, que espero voltar este ano.
Para mim, e dadas as minhas preferências por este tipo de características, estas duas enquadram-se nas minhas preferidas.
Outras corridas muito interessantes (“tipicamente de rua”) são: o Urban Trail de Ponte de Lima, uma corrida de 10km que decorre à noite percorrendo a Vila mais antiga de Portugal – Ponte de Lima; a Corrida da República em Gondomar (Porto) que celebra o feriado 5 de Outubro em Portugal e também ela muito exigente com subidas íngremes (onde também venci ano passado); e ainda a Meia-Maratona de Viana, uma corrida de referência no Minho que reúne vários atletas nacionais e internacionais, sobretudo Espanhóis.
- Qual é o seu grande objetivo para 2019?
Os grandes objectivos de 2019 são sobretudo melhorar os meus recordes pessoais.
Neste momento estou a treinar para competir na Meia-Maratona Gran Bahía de Vig-Bay dia 7 de Abril onde ambiciono melhorar o meu tempo pessoal e ainda alcançar o pódio.
Mais para o final do ano, eu e o meu treinador ainda estamos a analisar mas, provavelmente será a minha estreia numa Maratona, e provavelmente será logo na “Mais dura do Mundo” que em caso de se confirmar a minha participação, o objectivo será vencer e bater o tempo recorde da prova.
Ao longo da época, irei participar noutras corridas onde o objectivo será sempre o melhor lugar possível e melhorar em cada uma o recorde pessoal.
Possivelmente poderei ainda participar em campeonatos regionais e nacionais (estrada, pista), a fim de, obter um bom lugar por equipas (clube) e individualmente.
Sem comentários:
Enviar um comentário