Hoje temos a honra de entrevistar o atleta Ricardo Ribas, conhecido por El Comandante pela D
isciplina, Rigor, Empenho e Ambição como atleta e treinador...
Trata-se de um atleta olímpico com mais de 25 anos de carreira, com dezenas de participações em Europeus e Mundiais de Atletismo.
Um exemplo e uma inspiração para todos...
- Reza a lenda que fugiu para Lisboa, sem o conhecimento da sua família, porque queria ser atleta. O que realmente aconteceu?
O Sonho de ir aos Jogos Olímpicos foi desde muito cedo o meu horizonte e sabia que tinha que fazer alguma coisa porque se ficasse na minha terra, longe de tudo, era impossivel de se realizar.
Com 17 anos peguei no baralho de cartas arrisquei com os trunfos todos que tinha e arrisquei fugir de casa.
Correu bem porque me sinto um sortudo na vida sempre tive Deus do meu lado, nunca me abandonou...
- Diz que nunca foi um grande atleta e que tudo o que conseguiu ao longo da sua carreira foi obtido a pulso e com muito esforço.
Terão sido as dificuldades iniciais na sua carreira, em que teve de trabalhar num restaurante, que lhe deram o "incentivo" para conseguir suplantar a falta de talento que diz ter?
Não foi o facto das dificuldades que passei... Se tivesse tido tudo de mão beijada os meus resultados poderiam ter aparecido muito mais cedo... Agora que tinha que trabalhar muito na mesma para chegar onde cheguei, tinha que o fazer.
Conheço o meu real valor melhor que ninguém e conheço as minhas limitações e o meu maior talento é a paixão que tenho por acreditar em mim e a confiança que tenho em mim mesmo.
Prefiro ser um atleta com uma Grande Confiança do que um atleta em Grande Forma...
Já estive em grande forma e não venci por não estar confiante...
- A participação nuns jogos olímpicos, mesmo para um atleta de alta competição habituado a participar em grandes competições, é um dos pontos alto na carreira de um atleta.
Qual é a sensação de representar o país num evento desta dimensão?
Representei Portugal por 34 ocasiões o que me deixa orgulhoso.
Ir aos JO é a realização de um sonho de criança e ficar com o carimbo para toda a vida de atleta olímpico.
- A sua participação na Maratona dos Jogos Olimpicos do Rio de Janeiro não correu como seguramente desejava.
Se não estou em erro, julgo que chegou ao Rio de Janeiro apenas 2 ou 3 dias antes da prova e provavelmente terá tido dificuldade em adaptar o organismo ao clima do Brasil.
Atendendo às dificuldades que sentiu ao longo da prova, porque insistiu e completou a prova, mesmo que em grande sofrimento?
Ir em cima da hora foi o meu maior erro mas agora não me vou lamentar por issoo.
Terminar tinha que terminar, nem que fosse último...
Sabia que ia ser um alvo fácil de críticas mas com isso posso eu bem...
Costumo dizer que quando deixarem de falar mal de mim é que é
mau sinal... É porque já abandonei...
- Com a sua experiência de mais de 25 anos de carreira, o que tem a dizer aos jovens que se estão a iniciar na corrida sobre como encarar os dias menos bons?
Digo que o atletismo é como tudo na vida, não é facil... Vamos ter momentos bons, momentos menos bons... Temos é que acreditar em nós mesmos e ter a sorte de ter as pessoas certas e os melhores amigos verdadeiros do nosso lado.
- O meu filho tem 9 anos e na escola onde anda existe uma academia de futebol e basquetebol, pode ter aulas de judo ou patinagem e aprender música, teatro, etc.
Acha possível que quando a sua filha for para a escola seja possível aprender e praticar atletismo?
As minhas filhas já têm o atletismo no sangue.
Acredito que aos poucos elas vão aprender a gostar e se tiverem talento, com o tempo se vai ver onde poderão chegar.
E se gostarem vão ter todo o meu apoio...
- Como vê o boom que está a ocorrer na corrida de rua com muitas provas a decorrer todos os fins de semana por este país fora?
FANTÁSTICO, é sinal que as pessoas cada vez mais se preocupam com a saúde e quanto mais se investir no desporto mais estamos a investir na nossa qualidade de vida.
Eu tenho um projeto online #Trainingtheonlinedistance, trata-se de um acompanhamento à distância para atletas de pelotão e há cada vez mais senhoras a aderir, o que é um Excelente sinal...
- Considera que o crescimento do número de praticantes em provas de corrida de rua, com cada vez mais mulheres, poderá, num futuro próximo, aumentar a quantidade de atletas de alta competição?
Tudo depende do que se considere "Atleta de Alta Competição", se o facto de alguém treinar duas vezes por dia, arriscar fazer atletismo em vez de ter um trabalho e ter que competir todos os fins de semana para ganhar dinheiro para as despesas, a probabilidade
de aumentarem, sim é muito grande mas eu não considero isto alta competição.
Eu estive e continuo nesse lote e considero-me um louco...
Faço atletismo há 25 anos e atleta de alta competição fui apenas 3 anos... Foi a única vez que recebi do IPDJ essa sigla... porque o dia que o corpo deixar de reagir olhas para traz e cumpri um sonho.
- O Ricardo é casado com a Dulce Felix, sendo, segundo julgo saber, também o seu treinador.
Como consegue conciliar o papel de amigo, marido, pai e treinador?
É tudo muito fácil...
Eu e a Dulce sabemos gerir e separar muito bem os papéis.
- Apesar de ainda correr ao mais alto nível, está a estudar e já é treinador de diversos atletas que estão a ter excelentes resultados.
Quando terminar a carreira continuará ligado ao atletismo?
O futuro ninguém sabe o que nos irá reservar mas gostava de continuar ligado ao atletismo.
Estou acabar a licenciatura em educação fisica e desporto e quem sabe quando terminar a minha carreira de atleta tenha um convite para um projeto de um clube como treinador... e claro quero ganhar experiência... e um dia, quem sabe, ser selecionador nacional.
- Eu sou um atleta, não de pelotão, mas de cauda do pelotão...
No entanto, desde há um ano que tenho um treinador à distância (do Brasil) que me tem ajudado a criar os planos de treinos.
Acha importante que mesmo os atletas amadores sejam acompanhados por treinador?
#Trainingtheonlinedistance Sou o tutor deste projeto de apoio atletas de pelotão à distância e tenho tido resultados fantásticos e sou da opinião que sim ter um acompanhamento nem que seja à distância.
- Acha possível nos próximos anos se conseguir fazer a maratona abaixo das 2 horas?
Eu fiz 2h13'21" sei o que treinei... Não gosto de falar do que não sei...
- Agora que a sua carreira como corredor se aproxima do fim, qual foi até ao momento o seu ponto alto e quais os seus próximos grandes objetivos?
A Maratona de Dusseldorf com 2h13'21" foi a marca que me permitiu estar nos JO do Rio16... Este foi o momento mais alto.
Ainda tenho muitos objectivos em mente e não posso esquecer a quem nunca me abandonou...
A Adidas apoiou-me sempre nos bons e maus momentos...
Tenho organizações de provas que sempre me convidaram para estar presente nos seus eventos e uma maneira de lhes agradecer, enquanto o meu corpo reagir, é dar o meu melhor e apostar tudo num objectivo surpreendente que em breve irei revelar.
Considero-me um atleta de impulsos, de sonhos e quando meto uma coisa na cabeça ninguem me consegue derrubar.
Tenho uma auto estima forte, acredito muito em mim e mesmo hoje estou cada vez mais apaixonado pela minha condição fisica...
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